"Uma esteira de varas, duas juntas de bois para o puxar, homens nus metidos na água e agarrados às cordas, e a onda que salpica e os alaga. Entra para dentro a companha. (…)
Salpicos. Alarido. A companha salta em terra, jungem-se os bois às cordas, (…) e puxado pelos bois e pelos homens o barco enorme sobe, de proa voltada ao mar, e pronto para nova arremetida.
(…)
O mar, cada vez mais impetuoso, rebenta sobre o areal, rolo atrás de rolo, e os homens e os bois saem a correr do vagalhão de espuma... Foi diante de um quadro assim que Ferdinand Denis exclamou, assombrado:
– Que estranho país é este onde os bois vão lavrar o próprio oceano?!... (…)"
Raúl Brandão, in "Os Pescadores", 1923
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