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A Raça Marinhoa


As primeiras referências a esta raça são de autoria de Silvestre Bernardo Lima, afirmando que Marinhão "...é o nome que designa o gado que produz, cria e recria, trabalha e engorda em toda a Beira Mar do distrito de Aveiro e Coimbra, (...), nas terras da Gandra e das Marinhas".

Pequena descrição

Na zona tradicionalmente conhecida por marinha surgiu um Bovino proveniente de um cruzamento de animais do tronco Mirandês com Minhoto, denominando-se Marinhão. Dadas as suas aptidões dinamóforas e a particularidade das características ecológicas da zona lagunar do Baixo Vouga, onde se impunha a existência de um animal possante, pernalteiro, cujos membros facilitassem as lavouras exigidas pela cultura do arroz, característica desta região, o Bovino Marinhão veio melhorar as condições de vida e de trabalho do agricultor, sendo este um factor de fixação das populações às suas aldeias.

Devido às suas características únicas, de docilidade, fácil maneio e grande adaptabilidade, começaram a ser utilizados pelos agricultores em trabalhos tais como sachas, abertura de regos, lavouras, semeaduras, transportes, tirar água à nora e arte xávega, tornando-se indispensáveis nas fainas agrícolas.


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Consequentemente há uma grande proliferação, verificando-se no arrolamento da década de 40 a existência de 23995 animais, que se estendem já para fora da zona inicialmente designada como solar, isto é, os concelhos de Aveiro, Ílhavo, Vagos, Ovar, Murtosa e Estarreja, sendo a área de dispersão aumentada para os concelhos de Águeda, Oliveira do Bairro, Albergaria-a-Velha, Sever do Vouga, Anadia, Mealhada, Mira e Cantanhede.

Com a industrialização e consequente aumento do parque de alfaias da região, o trabalho desenvolvido pelos animais marinhões foi secundarizado, não sendo de todo alheio o aumento da produção leiteira, que aqui encontrou um ambiente propício à criação de uma bacia leiteira de importância relevante no todo nacional.

Assim, as explorações agrícolas transformaram-se em agro-pecuárias e as marinhoas foram substituídas por animais de leite. No entanto, e dada a sua forte ligação ao homem, em quase todas as explorações permaneceu pelo menos um animal desta Raça.

Em consequência assistimos a um forte decréscimo do efectivo. Simultaneamente muitos agricultores viram-se na necessidade de encontrar um complemento económico dos seus agregados familiares, passando a agricultura a ser desenvolvida em part-time (aos fins-de-semana e depois das horas de trabalho nas fábricas). Tal facto contribuiu para o não desaparecimento total da Raça Marinhoa.

Neste momento é sentida a necessidade de preservar o património genético ainda existente, surgindo então, um grupo de criadores que se unem neste propósito, constituindo a Associação de Criadores de Bovinos da Raça Marinhoa - ACRM. Estávamos no ano de 1992 e, em Novembro, S. Exa. o Sr. Director Geral da Pecuária confere capacidade legal à ACRM, de tomar a seu cargo a constituição do Livro Genealógico da Raça Marinhoa, cujo Registo Zootécnico havia já sido iniciado pela Direcção Geral de Pecuária em 1988.

Foi desde sempre preocupação da ACRM preservar o efectivo ainda existente e desenvolver actividades no sentido do seu melhoramento, controlando a actividade dos Postos de Cobrição existentes e iniciando um processo de selecção de reprodutores destinados à recolha de sémen e consequente distribuição pelas entidades que nesta zona se dedicam à Inseminação Artificial.

Em simultâneo, foi solicitado à Comunidade Económica Europeia – CEE, o pedido de registo da Denominação de Origem Protegida para a Carne Marinhoa , tendo sido apresentado o Caderno de Especificações e proposta a ACRM como Entidade Gestora do uso da respectiva Denominação.

Esta Denominação foi oficialmente reconhecida e consagrada como Produto de Qualidade pelo Despacho 32/94, DR nº29, II Série, de 4 de Fevereiro.

Em colaboração com diversas Entidades foram sendo feitos estudos que levaram à caracterização detalhada da Raça Marinhoa definindo a sua especificidade e o que a distingue das demais raças autóctones.

Nesta altura surgem incentivos comunitários à criação de animais em linha pura, que no seu início motivaram um acréscimo do efectivo e o aparecimento de novos criadores.

A partir de meados dos anos 90, o flagelo da BSE que, embora não atingindo nenhum animal desta raça, deflagrou no abate de animais com mais de 30 meses reduzindo, de novo, e desta vez drasticamente o efectivo dado que os agricultores, alarmados com a resistência dos mercados e o decréscimo da comercialização da carne de bovino, preferiram abater indiscriminadamente a manter os animais.

Tornava-se assim necessário à manutenção da raça encetar um novo ciclo: o da certificação da Carne Marinhoa como Produto de Qualidade (DOP) e consequente comercialização. Citando VAZ PORTUGAL (1998) “o domínio da comercialização permitirá a defesa e preservação das raças autóctones”.

Em 3 de Maio de 2000, por Despacho nº 9082/2000 (2ªsérie), publicado no DR nº 102, é conferido à Associação de Criadores da Raça Marinhoa, a gestão da Denominação de Origem “Carne Marinhoa DOP”, sendo a sua sede, desde então na Quinta da Medela, em Verdemilho – Aveiro.